março 08, 2010

Filmes dublados?

Para mim essa é uma pergunta sem resposta. Crianças e idosos até podem encontrar uma defesa consistente para essa opção, mas não acredito que consigam fazê-la.

A legenda não mata e nem compromete o cérebro de ninguém, pelo contrário, quanto mais atividade mental o ser humano se propõe a fazer, mais capacidade intelectual adquire. Além disso, optar por filmes dublados é ignorar, no mínimo, cinquenta por cento do trabalho dos atores, roteiristas, diretores e etc. Sem falar que é horroroso ver a boca mexer de um jeito e o som sair de outro...

Ninguém está pedindo para que você aprenda a língua original de cada película - mas é inconcebível alguém formado, em qualquer área, não ter o domínio de outro idioma, especialmente o inglês. Ninguém está pedindo para que você tenha sensibilidade e valorize o filme que está assistindo, sendo fiel à maneira que ele foi elaborado. Faça o que achar melhor dentro da própria ignorância.

Outro dia liguei no Telecine Light (canal 63 da net) e estava passando um filme dublado. Passado o susto e o horror dos 3 primeiros segundos, fui straight ahead ao botão 'opções' do controle remoto para desativar esse pesadelo. Fui surpreendida, no entanto, pela rejeição da minha escolha. Não era possível tirar as vozes brasileiras infiltradas no filme americano. Como é que eu ia conseguir assistir um filme com a Toni Collette, atriz que adoro e que sou familiarizada, com uma voz adolescente, meio Sandy, meio Xuxa?


kiss my ass

fevereiro 09, 2010

Baby boom


Desde pequena fui acostumada a frequentar concertos de música clássica, música popular, espetáculos de dança e teatro e nunca, de acordo com minha mãe, em qualquer uma dessas situações, me comportei de maneira desagradável. Por ter tido o costume e a oportunidade de me integrar aos acontecimentos culturais desde muito cedo, acho válido que outros pais e mães queiram o mesmo para seus filhos. Sim, eu concordo que o contato com a arte é um fator importantíssimo no processo da formação humana do indivíduo. É só observar.

Isso parece muito lindo e muito simples. Alguns pais, entretanto, ignoram o fato de seus filhos serem extremamente desagradáveis e irritantes e os levam para eventos onde o mínimo esperado do espectador é o silêncio. Ninguém é obrigado a ir ao cinema, por exemplo. Se a criança não consegue ficar tranquila, sentada na poltrona durante duas horas, então ela não deve ir. Certo? Ou será que é só pra mim que esse raciocínio é lógico?

Algumas mães costumam levar bebês (sim, crianças de colo) para espetáculos e coisas do gênero. E como a lei de Murphy é infalível, todos sabemos, é óbvio que aquela criança começa a chorar no momento mais inoportuno. É evidente também que aquela mãe, pobre coitada, não consegue assistir um segundo sequer do que se propôs, porque, afinal, precisa fazer aquele bebê parar de chorar (coisa que só acontece após o fim do espetáculo). Também é óbvio que o barulho da criança é um desrespeito ao ator ou músico que está tentando se concentrar para apresentar seu trabalho, geralmente resultado de anos de dedicação e estudo.

Outro dia no cinema, enquanto assistia Invictus do Clint, eu e dois amigos tivemos que aguentar duas crianças inconvenientes durante 134 minutos. Os pais dos pimpolhos não só acompanhavam compenetrados ao filme, como também ignoravam solenemente que seus dois queridos filhotes estavam incomodando a audiência. Além de falar ininterruptamente, os dois levantavam, chutavam e se penduravam nas poltronas das pessoas que estavam na fila dianteira, sem falar no barulho que faziam com os respectivos pacotes de pipoca e derivados.

Talvez aquelas crianças nem sejam as mais mal educadas do mundo, nem as mais terríveis, só não têm competência, ou não estão preparadas, para assistir um filme que não foi feito para a faixa etária delas.

No momento que alguém decide que quer ter filhos, precisa ter a consciência de que fez uma escolha – e antes que alguém pense ‘ah, nem todas foram planejadas’, pelo pouco que sei de psicanálise as crianças concebidas por ‘acidente’ também foram plenamente desejadas.

Então, mamãe, se você resolve que quer assistir um filme do Clint Eastwood no cinema - e sabemos que ele ainda não recebeu nenhuma proposta oficial para dirigir a nova temporada de Hanna Montana no Disney Channel – precisa saber que não é conveniente levar seu filho menor de 14 (apesar da classificação ser livre). Se você não tem com quem deixá-lo por míseras duas horas, considere a possibilidade de não ir. A escolha foi sua e o público agradece.

Ninguém no mundo tem a obrigação de assumir a responsabilidade de uma escolha alheia. Só porque duas pessoas confusas resolvem abençoar o mundo com filhos fofíssimos que os outros precisam suportá-los? Como eu já disse, é uma escolha. Mas nem tudo está perdido: algumas crianças são legais e têm senso de oportunidade. Ah, e a sessão da tarde é para todos.

janeiro 23, 2010

O blog

Esse blog é, na verdade, resultado de um projeto ultra secreto que bolei sozinha com meus botões. Como ainda não passa de uma idéia besta e superficial que ninguém dá muito crédito, que é a de escrever um livro, resolvi colocar aqui de forma ultra despretensiosa as minhas impressões sobre os fatos que por algum motivo chamam a atenção. Será um exercício.

A prática da escrita, para o jornalista, não funciona como um ato solitário e isolado. A presença do leitor legitima essa ação. Então, na minha ingênua concepção, é difícil entender o fato de alguém escrever (ou pintar, ou cantar, ou dançar) para o seu próprio e exclusivo prazer.

- O que você faz?
- Ah, eu sou artista plástico.
- Puxa, onde posso ver seus trabalhos?
- Tá tudo guardado lá em casa, nunca mostrei pra ninguém.

Sei que o assunto vai longe, que existem muitas excessões e que não sou a melhor pessoa para aprofundar essa questão.

Um outro episódio interessante que aconteceu recentemente me motivou. Voltei de uma viagem para Buenos Aires e uma amiga que está na Europa pediu para que eu enviasse por email um resumo contando como havia sido. Na sequência, então, mandei o texto para várias pessoas que se interessaram pelo meu passeio. Quem leu se divertiu, foi a impressão que tive. Uma outra amiga disse que teve ataques histéricos de riso e que, em função do conteúdo sigiloso do material, não pôde compartilhar a alegria com os colegas de trabalho que desejavam ardentemente saber o motivo de tanta euforia.

A verdade é que achei divertido escrever sem muitas pretensões e ainda assim conseguir entreter (e controverter, é claro!).