fevereiro 09, 2010

Baby boom


Desde pequena fui acostumada a frequentar concertos de música clássica, música popular, espetáculos de dança e teatro e nunca, de acordo com minha mãe, em qualquer uma dessas situações, me comportei de maneira desagradável. Por ter tido o costume e a oportunidade de me integrar aos acontecimentos culturais desde muito cedo, acho válido que outros pais e mães queiram o mesmo para seus filhos. Sim, eu concordo que o contato com a arte é um fator importantíssimo no processo da formação humana do indivíduo. É só observar.

Isso parece muito lindo e muito simples. Alguns pais, entretanto, ignoram o fato de seus filhos serem extremamente desagradáveis e irritantes e os levam para eventos onde o mínimo esperado do espectador é o silêncio. Ninguém é obrigado a ir ao cinema, por exemplo. Se a criança não consegue ficar tranquila, sentada na poltrona durante duas horas, então ela não deve ir. Certo? Ou será que é só pra mim que esse raciocínio é lógico?

Algumas mães costumam levar bebês (sim, crianças de colo) para espetáculos e coisas do gênero. E como a lei de Murphy é infalível, todos sabemos, é óbvio que aquela criança começa a chorar no momento mais inoportuno. É evidente também que aquela mãe, pobre coitada, não consegue assistir um segundo sequer do que se propôs, porque, afinal, precisa fazer aquele bebê parar de chorar (coisa que só acontece após o fim do espetáculo). Também é óbvio que o barulho da criança é um desrespeito ao ator ou músico que está tentando se concentrar para apresentar seu trabalho, geralmente resultado de anos de dedicação e estudo.

Outro dia no cinema, enquanto assistia Invictus do Clint, eu e dois amigos tivemos que aguentar duas crianças inconvenientes durante 134 minutos. Os pais dos pimpolhos não só acompanhavam compenetrados ao filme, como também ignoravam solenemente que seus dois queridos filhotes estavam incomodando a audiência. Além de falar ininterruptamente, os dois levantavam, chutavam e se penduravam nas poltronas das pessoas que estavam na fila dianteira, sem falar no barulho que faziam com os respectivos pacotes de pipoca e derivados.

Talvez aquelas crianças nem sejam as mais mal educadas do mundo, nem as mais terríveis, só não têm competência, ou não estão preparadas, para assistir um filme que não foi feito para a faixa etária delas.

No momento que alguém decide que quer ter filhos, precisa ter a consciência de que fez uma escolha – e antes que alguém pense ‘ah, nem todas foram planejadas’, pelo pouco que sei de psicanálise as crianças concebidas por ‘acidente’ também foram plenamente desejadas.

Então, mamãe, se você resolve que quer assistir um filme do Clint Eastwood no cinema - e sabemos que ele ainda não recebeu nenhuma proposta oficial para dirigir a nova temporada de Hanna Montana no Disney Channel – precisa saber que não é conveniente levar seu filho menor de 14 (apesar da classificação ser livre). Se você não tem com quem deixá-lo por míseras duas horas, considere a possibilidade de não ir. A escolha foi sua e o público agradece.

Ninguém no mundo tem a obrigação de assumir a responsabilidade de uma escolha alheia. Só porque duas pessoas confusas resolvem abençoar o mundo com filhos fofíssimos que os outros precisam suportá-los? Como eu já disse, é uma escolha. Mas nem tudo está perdido: algumas crianças são legais e têm senso de oportunidade. Ah, e a sessão da tarde é para todos.

3 comentários:

Val disse...

criança incoveniente é chato, mas pais inconvenientes são piores.
afff...

Bui disse...

Divertido... Domingo passei por uma dessas... foi tão divertido... o cenário era outro, mas a situação era igual, que vontade de jogar a criança na churrasqueira, junto com os pais...

Laura H. disse...

Sim, a maioria dos pais coloca no mundo pessoinhas iguais a eles, não tem muito jeito...